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Elas não se importam sobre o mal do amar

Foto do escritor: Flavia QuintanilhaFlavia Quintanilha

Eu gostaria de falar sinceramente. Colocar você dentro de meus diálogos. Não há o que dizer aos corações de pedra. Não há força que mude o desaguar da expectativa cega de amar.


O tema sobre a existência do mal no mundo ocupou séculos da dedicação de filósofos e pensadores. A questão de como o mal surge nesta realidade ainda ocupa muitas teses, romances, contos, poemas, canções. A verdade é que não podemos mais fiar o pensamento de Agostinho que nos liberta com o livre arbítrio e nos prende a Deus. Se você soubesse que ia morrer daqui 3 minutos o que faria? Qual música enviaria para sua amada? Pensando assim parece bem conveniente a Graça Divina. Quão bom nos tornamos diante de nossa própria morte? A sensação que tenho é que não há ato algum sem intenção de troca. Lamentável. Mesmo naquele momento mais generoso, mesmo na promessa de eterno amor, da jura confidente do cuidado. A verdade é que quando a não reciprocidade entra na varanda o amor pula a janela e foge correndo como ladrão de galinhas.


Voltando a um filósofo mais recente que também se ocupou com a pauta do mal no mundo, de maneira um tando coerente, Ricoeur não se prende ao “homem bom”. Tece um ser humano falível e sensível aos acontecimentos e pela fratura que carrega em seu coração permite que o mal adentre, que aja e pense contrariamente a perfeição divina. Surge nessa figura humana um craquelado original, uma coisa que impede a lisura da superfície e da alma. Mas que ainda busca, sempre buscará o perfeito, o amor o bem.


Se eu tivesse mais 3 minutos de vida eu silenciaria em seus olhos, em seu peito o imperfeito momento do existir. Depois deixaria uma música para você ouvir depois.


O que parece é que o mal é o fundamento e o sentido dos dias, dos desejos, do amor. É o próprio e propício da existência humana. E não estou falando aqui da vileza escancarada dos facínoras, Digo sobre a fala mansa, o olhar comiserante, a bondade dizímica das concessões e presentes. A alma não se funda, ela finda no raso do humano... Inventamos o perfeito na expectativa de sermos bons, mas não há condição natural de bondade aproximada ao divino. Somos a gota de barro espirrada na barra da calça, gota da poça do esforço sem sentido da carruagem do tempo que passou. Uma solitária esperança de bem daquele que recebe e mais ainda do que dá. Engano!


Sim, o mal não é tudo isto! Não é mesmo? Ele é pequenininho e diário, está nas minúcias, nos enganos, nas esperanças, no respirar calendário dos sonhos. Ele vive da fagulha do amar leve e límpido que não é capaz de se realizar. Está no olhar sem esperança ao caminhar indo para o trabalho. Está na solidão diária de quem toma café em silêncio… toda manhã. Está na vergonha dos desejos escondidos. Respira na risada para uma cena embaraçosa. Há mais mal que raízes neste mundo. E nenhuma flor se importa se você ama ou é feliz!



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