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O rinoceronte que fugiu do zoológico já encontrou morada

Foto do escritor: Flavia QuintanilhaFlavia Quintanilha

Para onde vão os que não servem para nada após a pandemia?

Aqui, em silêncio, tenho me perguntado isso dia após dia. Vejo o movimento nas redes, nas ruas, no planeta. O primeiro explodiu em talentos. São tantas coisas incríveis, pessoas lindas, atividades indispensáveis, investimentos indiscutíveis. A arte finalmente ocupa o “seu lugar de fala” e tem coisa pra dizer o tempo todo. O segundo foi dominado pelos profissionais de primeira necessidade, os indispensáveis, os que mantêm a coisa rodando. Mas também têm os idosos, que agora passeiam como nunca visto. Quem sabe na esperança de provar a imortalidade. O terceiro respira. Há tanta força e vida. Nos dá a lição. Mas os inúteis? Ah, estou com o rinoceronte atrás da orelha.

Engraçado … dia desses falava com meu irmão caçula. Ele sempre me traz coisas novas. Tecnologias, estudos… mesmo não concordando sobre a política (mas a vida não é só política), ele é a pessoa que mais me abre o mundo das descobertas tecnológicas… Disse que fizeram um estudo sobre os dinossauros e que os desenhos foram baseados em suas ossadas. Podiam ser rechonchudos como os rinocerontes. Ou bem magros. Já pensaram nisso? Olhem as pombinhas! Resgatei uma rolinha essa semana e a pele é muito frágil!

Enfim, eu e meu rinoceronte que agora deu de habitar minha orelha me fez pensar sobre: o que faremos com a inutilidade de alguns? Num mundo onde tudo tem uma utilidade, muitas vezes estes foram bobos da corte, dançaram por recompensas, entreteram com suas morfolidades abjetas o público pagante. Mas agora, o que acontecerá? Há defensores para toda atrocidade causada para qualquer um. Como viverão os inúteis?

O dia passa. Os dias passam. Em 30 dias a muda de tomate estará boa para o plantio. Mas depois da quarentena, o que será daquele sem talento, sem emprego, sem vontade de se integrar nesse mundo mercantil. Ou diria marketil? O que será daqueles que querem ver a grama crescer?

Tenho poucos amigos, ainda dou conta de contá-los. Mas conheço tanta gente talentosa, nas artes, nos negócios. Aulas, prêmios, textos, apresentações. Quando isso tudo passar todos terão seu quinhão. Nada mudará. Só saberemos o que pagar. Para quem pagar. Todos terão onde ir, quem abraçar. Os talentos serão reconhecidos. Nada ficará sem reconhecimento.

Só não sei para onde vou!

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