Ao olharmos a história da humanidade encontramos nomes que foram imortalizados como Homero, Sócrates, Descartes … pessoas que de algum modo pensavam além do que podemos reparar. Gosto do exemplo da simples frase de Descartes: Cogito ergo sum! Penso, logo existo! Essa simples afirmação tem desdobramentos inimagináveis, uma delas a condução da certeza indubitável do ser pensante acerca de sua própria existência. Mas ao que parece, se refletirmos um pouquinho, nossa existência não é confirmada apenas pela nossa capacidade de pensarmos nossa igualdade lógica, ou seja, entender Eu = Eu.
Quando penso em minha existência devo também considerar minhas relações com o externo e essa relação não passa apenas pelo entendimento racional, mas também se dá pela manifestação ou acupação tida pelo meu corpo no mundo. Ao estar no mundo, ao representar uma manifestação espaço-temporal no mundo, relaciono-me com outros e comigo mesmo através da relação com o outro e isso chamamos de amizade.
Lembrando um pouquinho Aristóteles, a amizade pode ser de três maneiras: a amizade com o outro que não me é intimo, a amizade com aqueles que amo e a amizade comigo mesmo. É dessa última que nasce a estima, a qual ainda não chamarei de “estima de si”. Antes disso precisamos compreender o que é o “si”.
Quando substituímos o “eu” pelo “si” estou abrindo mão de minha autoconsideração egóica para me colocar dentre todos os outros como um ser existente. O “si” nesse sentido é a percepção ou consciência em considerar-se uma pessoa que age e que é autor responsável pela própria existência. Ao tomar essa consciência, quando me considero como outro, assumo esse lugar tão importante do “si”. É nesse momento que há reciprocidade entre as pessoas, pois há o reconhecimento de todos como insubstituíveis deixando que a solicitude assuma sua parte nessa relação íntima e dialogal e que se realize através da amizade.
Ao ter consciência de minha existência, ao me relacionar comigo mesmo com amor, ao exercer a estima de si estou, ao mesmo tempo, considerando ou mantendo uma amizade com todas as outras pessoas que existem. Ao olhar para mim com amor e respeito, apenas ao ter assumindo a condição do “si”, estou olhando e considerando toda a vida que não esteja representada pelo meu corpo.
Que toda aproximação seja consciente!
Que possamos ter como norte a estima de si, para que haja aproximações amorosas, acolhedoras, compreensivas e transformadoras.
Dias iluminados!
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