O que poderia falar para cada uma das 14.817 famílias que tiveram a morte um de seus queridos pelo covid-19? O que poderia dizer aos transeuntes em todas as cidades do Brasil que insistem em sair de casa sem ter um forte motivo para isso? O que dizer para aqueles que insistem em seguir suas agendas como se nada muito grave estivesse acontecendo? O que dizer aos que sonham por uma cura seja ela vinda de onde vier, até mesmo pelas palavras daqueles que apregoam a cura pela Cloroquina? O que dizer ao Teich que finalmente optou em honrar seu diploma? O que dizer aos meus irmãos, sobrinhos e amigos que vejo empenhados num esforço dedicado a sobrevivência acima de tudo de sua sanidade? O que dizer aos meus pais, que mesmo sendo fortes e saudáveis não escondem o caminho que já fizeram e sei que essa loucura toda enfraquece até o mais destemido herói? O que poderia dizer a mim?
Os dias por aqui continuam os mesmos. O pé de amora já foi podado. O pé de acerola floresceu e das acerolas vermelhas já não resta nenhuma. A laranjeira parece que agora está se refazendo após os maus tratos de anos atrás. As flores se renovam nos vasos e a tumbérgia aproveita seu tempo com a visita das arapuãs. Jataís num vai e vem sem fim, o inverno já aponta. É tempo de reservar o pólen. Algumas brigas ainda acontecem entre as meninas vez ou outra e o Sol já traça seu caminho para ver a queda das folhas no quintal.
Quais palavras usar num pedido sincero e profundo de perdão às vítimas do coronavírus? Ou deveria dizer: você tinha que ter se mantido em casa, aos que se foram? Quais palavras sensibilizaria àquelas imagens tantas que vejo no trânsito e calçadas. Próximas demais nas filas e muitos sem máscaras. O que diria que o fizesse entender do grande risco que corremos e quanto mais tempo na rua maior o risco? Quais palavras usar senão “canalhas” aos que agem e negociam tudo e vidas para cumprir uma agenda de eleição? E aos que gritam nas ruas … além de: não adianta gritar menino, o que tem de ser feito tem de ser feito queira você ou não, fique em casa? Quais palavras ao Teich, além de: Errou, não era hora de pensar no currículo? A vocês meus irmãos, minha irmã, cunhado, cunhadas, sobrinhas, sobrinho e amigas e amigos: amo vocês, continuem firme e em casa. Aos meus pais: Fico imensamente feliz por saber que estão firmes aí todos esses dias sem sair de casa e tenho plena certeza que contaremos muitas histórias de quarentena nos próximo almoços dos anos que virão. Amor vocês!
O que digo para mim, dia após dia? Flavia, preserve seu coração e nunca se cale!
Há menos de dois meses foi confirmado o primeiro caso de covid-19 no Brasil, hoje são 218.223 casos confirmados. Dia 17 de Março era uma morte e hoje são 14.929 mortes (sim, o número do início do texto mudou nesse tempo que o escrevi) e eu não tenho palavras para definir meu sentimento diante desse panorama que só irá se agravar com o Governo irresponsável, egoísta e egoico que temos.
Minha única palavra: isolamento
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