Quando foi a última vez que você falou com uma criança? Um diálogo?! Nada de hum, sei… eles sabem quando você está na conversa! Também não vale você no celular enquanto eles tagarelam. Estou perguntando de conversa mesmo. Quando? Eu tenho por regra não ficar mais de uma semana sem falar com uma criança. Penso que meu universo inteiro entraria em colapso se não tivesse essas conversas. Já reparou o quanto eles são observadores? O quanto veem de você sem que você conte? Meu sobrinho de 8 anos já percebeu que fico muito séria quando estou concentrada fazendo qualquer coisa.
_ As pessoas me acham muito séria! Observei em meio a nossa conversa. E ele retrucou: _ É que só te veem quando está concentrada. Uma pena, né? Não sabem como você é feliz o tempo todo!
Daí me coloquei a pensar, será que as pessoas igualam tristeza com seriedade? Mas não é por esse caminho que que quero ir hoje. Quero voltar ao tema da conversa com os pequenos. Já perceberam que as crianças já de 8, 9 10 anos ficam pensando o que serão quando adultos? E quando falam disso não sonham, eles falam de forma pragmática que serão isso ou aquilo pensando em o quanto de dinheiro isso vai gerar. Eu temo por isso.
Está certo que eu sei que precisava ter sido orientada quando muito jovem sobre dinheiro, trabalho, carreira, profissão, talento… mesmo assim acabei seguindo o que queria fazer. Mas a pegada dessa garotada hoje é outra.
Na verdade, não precisaria disso. Seria possível chegar lá caso se dedicasse ao que gosta, pois quando fosse o tempo o desejo e o talento floresceriam juntos. Vejo muitos trabalhadores, poucos profissionais e quase nenhum artista. E agora estou falando de arte como pensavam os gregos, techné. Aquela pessoa que chega ao melhor do que pode fazer, pois fez muitas e muitas vezes. Daí vem minha segunda questão de hoje: o que você estará fazendo daqui dez anos?
Estou tentando aqui criar o clima para que entendamos que nem os pequenos e nem nós investimos no hoje. Queremos a glória, mas hoje? O que fazemos hoje pelo sucesso de amanhã? Limpar terreno, carregar toras e pedras, arar, semear, regar, cuidar, colher. Há o ciclo normal das coisas. Mas só queremos a foto! Os louros.
Entretanto, a vida não é dessa maneira que se dá. Queremos algo e se não nos movimentamos para isso esse querer se esvai. Como aquele talento quando criança ou adolescente. Como aquela coisa que adorávamos fazer algum dia e que virou em nada. E nos endurecemos, e nos entristecemos e nos abandonamos. Como móveis que vão juntando poeira e chega um momento que não há mais o viço da madeira, o brilho do olhar se apaga. E quando isso acontece a vida se apaga com ele.
Então pergunto:
O que você estará fazendo daqui uma década? Qual atividade só sua que faz seu olho brilhar? Quando você irá escolher ser realmente feliz?
A vida é tão curta que quando se vê já passaram dias, anos, décadas.
Pegue sua vida carinhosamente pelas mãos e seja feliz!
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